O exame ultrassonográfico é uma ferramenta diagnóstica de grande relevância na rotina veterinária, uma vez que, apresenta ampla difusão entre os atendimentos de animais e permite a avaliação de órgãos e estruturas de forma não invasiva, segura e rápida, auxiliando na determinação de diversas afecções, levando ao tratamento adequado e contribuindo de forma positiva no prognóstico do paciente. Atualmente, em muitos casos, a avaliação testicular não faz parte da rotina ultrassonográfica em exames de ênfase abdominal, devido à sua localização anatômica (...) no escroto, podendo assim levar ao diagnóstico limitado e ao tratamento inadequado do paciente quando na ausência da avaliação dos testículos, posto que diversas são as afecções testiculares que podem acometer cães e que apresentam características ultrassonográficas de fácil detecção. Dentre as principais alterações observadas por meio da ultrassonografia, os casos de orquite, criptorquidismo, torção e também neoformações neoplásicas testiculares correspondem à maior casuística, sendo o método ultrassonográfico um exame com 98% a 100% de sensibilidade e acurácia para diagnóstico destas. Dessa forma, o objetivo deste artigo de revisão bibliográfica é elucidar a importância da avaliação testicular em exames ultrassonográficos de rotina, discorrendo inicialmente sobre os aspectos anatômicos e ultrassonográficos, e posteriormente acerca das afecções mais comumente diagnosticadas na rotina veterinária, apresentando ainda as alterações ultrassonográficas causadas no parênquima testicular. PALAVRAS-CHAVE: Cães. Diagnóstico. Neoplasias testiculares. Ultrassonografia. -/- THE IMPORTANCE OF INCLUDING TESTICULAR ASSESSMENT IN THE TWO-DIMENSIONAL ABDOMINAL ULTRASOUND ROUTINE IN DOGS FOR THE DIAGNOSIS OF TESTICULAR DISEASES ABSTRACT: The ultrasound examination is a diagnostic tool of great relevance in the veterinary routine, as it is widespread in the current reality and allows the assessment of organs and structures in a non-invasive, safe and fast way, helping in the diagnosis of various conditions, leading to adequate treatment and positively contributing to the patient’s prognosis. Currently, in many cases, testicular evaluation is not part of the ultrasound evaluation in exams with abdominal emphasis, due to its anatomical location in the scrotum, which can lead to limited diagnosis and inadequate treatment of the patient in the absence of ultrasound evaluation of the testicles, since there are several testicular affections that can affect dogs and that present ultrasonographic characteristics that are easily detected. Among the main alterations observed during ultrasonographic exams, cases of orchitis, cryptorchidism, torsion and also testicular neoplastic neoformations correspond to the largest sample, with the ultrasonographic method being an exam with 98% to 100% sensitivity and accuracy for their diagnosis. Thus, the aim of this literature review article is to elucidate the importance of testicular evaluation in routine ultrasound examinations, initially discussing the anatomical and ultrasound aspects, and later on the most commonly diagnosed conditions in the veterinary routine, also presenting the ultrasound changes caused in the testicular parenchyma. KEYWORDS: Dogs. Diagnosis. Testicular neoplasm. Ultrasound. -/- REFERÊNCIAS AMANN, R.P. Functional Anatomy of the Adult Male. In: MCKINNON, A. O.; SQUIRES, E.L.; WENDY, E.V.; VARNER, D.D. Equine Reproduction. 2nd edition. Oxford: Wiley-Blackwell, 2011. Cap. 95, p. 867 – 880 ARGENTA, F.F.; PEREIRA, P.R.; CAPRIOLI, R.A.; VIELMO, A.; SONNE, F.; PAVARANI, S.P.; DRIEMEIER, D. Neoplasmas testiculares em cães no Rio Grande do Sul, Brasil. Acta Scientiae Veterinariae, v.44, n.1413, p.1-6, 2016. DA SILVA, E.I.C. Anatomia e Fisiologia do Sistema Reprodutivo dos Animais Domésticos. Instituto Federal de Pernambuco. Departamento de Reprodução Animal. 2020. DAVIDSON, A. P; BAKER, T. W. Reproductive ultrasound of the dog and tom. Topics in companion animal medicine, v.24, n.2, p.64-70, 2009. DOMINGOS, T. C. S.; SALOMÃO, M. C. Meios de diagnóstico das principais afecções testiculares em cães: revisão de literatura. Revista Brasileira de Reprodução Animal, Belo Horizonte, v.35, n.4, p.393-399, out./dez. 2011. FELDMAN, E. C.; NELSON, R. W. Disorders of the Testes and Epidymides. In FELDMAN, E. C.; NELSON, R. W. (Eds.), Canine and Feline Endocrinology and Reproduction. 3 ed., St. Louis Missouri: WB Saunders Co. 2004. p. 961 – 977. FONSECA, C.V.C.V. Prevalência e tipos de alterações testiculares em canídeos. Dissertação de Mestrado Integrado em Medicina Veterinária. Universidade Técnica de Lisboa, Faculdade de Medicina Veterinária. Lisboa, 2009. HECHT, S. Trato Reprodutivo Masculino. In: PENNICK, D.; D’ANJOU, M.A. Atlas de Ultrassonografia de pequenos animais. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011. p.415-438. (shrink)

FISIOLOGIA DO PARTO E DA LACTAÇÃO ANIMAL -/- ANIMAL REPRODUCTION: PHISIOLOGY OF PARTURITION AND ANIMAL LACTATION -/- Emanuel Isaque Cordeiro da Silva Departamento de Zootecnia da UFRPE WhatsApp: (82)98143-8399 -/- 1. INTRODUÇÃO O sucesso biológico do processo de reprodução culmina com a sobrevivência das crias. Durante a gestação, o feto desenvolve-se no útero materno protegido das influências externas, e obtendo os nutrientes e o oxigênio através da mãe. O parto é o processo biológico que marca o fim da gestação e (...) o início da vida extrauterina do animal. Para garantir a sobrevivência do recém-nascido o parto deve ser um processo controlado para que se inicie unicamente quando o feto tiver alcançado desenvolvimento suficiente que lhe permita enfrentar a vida extrauterina. Após o nascimento, a secreção de leite pela glândula mamária proporciona ao neonato tanto os nutrientes necessários para seu desenvolvimento como as defesas (imunoglobulinas) que lhe protegerão contra as possíveis infecções durante as primeiras fases de sua vida. Parto e lactação constituem a última etapa de um ciclo reprodutivo completo nas fêmeas dos animais domésticos, estando ambos os processos regulados e sincronizados por complexas mudanças hormonais na mãe. Estas mudanças são, em última análise, provocadas e governadas pelo próprio feto ou recém-nascido, o qual acomoda as respostas maternas às suas necessidades garantindo a sua sobrevivência. 2. O PARTO O parto é definido como o processo fisiológico pelo qual ocorre a expulsão de um ou mais fetos maduros, bem como das membranas fetais existentes no útero materno. Este processo é desencadeado por uma interação complexa entre as hormonas maternas (fatores maternos) e fetais (fatores fetais). Para que se realize a expulsão do feto é necessário que o útero deixe de ser um órgão quiescente, essencial para a manutenção da gestação, para ser um órgão contrátil. Ao mesmo tempo, o cérvix ou colo uterino, que durante a gestação permanece firmemente fechado para impedir a expulsão prematura do feto e evitar a entrada de agentes infecciosos, relaxa e dilata para facilitar a passagem do feto na hora do parto. Esta modificação na atividade do útero e do colo uterino, ocorrem como consequência das mudanças hormonais que o organismo materno experimenta à medida que a data do parto se aproxima. 2.1 Fatores maternos A gestação dos animais domésticos ocorre com elevada concentração de progesterona que, dependendo da espécie animal, é secretada seja pelo corpo lúteo do ovário (vaca, porca e cabra) ou pela placenta (ovelha e égua). A progesterona desempenha um papel fundamental durante a gestação, inibindo as contrações da musculatura lisa do útero (miométrio), permitindo assim a acomodação do feto durante o seu crescimento. Os estrogênios, estimulantes da atividade contrátil do miométrio, mantêm-se a baixas concentrações durante a maior parte da gestação. À medida que se aproxima o momento do parto, os níveis destes hormônios esteroides modificam-se, produzindo-se a diminuição nos níveis circulantes da progesterona ao mesmo tempo que se incrementam os valores sanguíneos dos estrogênios (figura 1). A redução dos níveis de progesterona suprime a sua ação inibitória sobre a atividade contrátil do miométrio, permitindo que se manifestem os efeitos estimulantes dos estrogênios sobre este órgão. A concentração de estrogênios começa a aumentar geralmente no final da gestação, atingindo os seus valores máximos no momento do parto (figura 1). O aumento da concentração de estrogênios favorece a atividade contrátil espontânea do útero ao: a) estimular a síntese de proteínas contráteis; b) aumentar, sob medida, a sensibilidade do miométrio uterino à ação estimulante das prostaglandinas; c) induzir a formação de receptores de oxitocina no útero. -/- Figura 1. Níveis de progesterona e estrógenos durante a gestação e parto das espécies ovina, caprina, suína e bovina. Fonte: HAFEZ, 2013. Os estrogênios estimulam a síntese e secreção de prostaglandina (PGF2a), que constitui o elemento essencial para o início do parto devido aos efeitos que esta substância provoca. Assim, nas fêmeas, cujos níveis de progesterona gestacional dependem da presença do corpo lúteo, a secreção de PGF, origina a regressão deste (luteólise), com a consequente diminuição da progesterona a níveis basais. Além disso, a PGF2a origina contrações de crescente intensidade no útero sensibilizado pela ação dos estrogênios. Esta ação contrátil da PGF2a deve-se a um aumento da concentração de cálcio intracelular das fibras musculares uterinas. A PGF2a também está envolvida no relaxamento do colo do útero, inibindo a formação de colágeno cervical ao mesmo tempo que estimula a síntese de enzimas (colagenase) que degradam a matriz de colágeno formado no início da gestação. A dilatação do colo do útero está também associada à pressão que o feto exerce sobre o mesmo e, no caso da porca, a relaxina pode também estar envolvida. Esta hormona é também de grande importância para a preparação do parto em todas as espécies animais, uma vez que é responsável pelo relaxamento dos ligamentos e músculos que rodeiam o canal pélvico para favorecer a separação da sínfise púbica durante a expulsão do feto. Nos grandes animais (vaca, égua) as mudanças que ocorrem nos tecidos e ligamentos pélvicos são muito evidentes e constituem um sintoma de parto iminente. O início do parto, ou primeira fase do parto, caracteriza-se pelo aumento das contrações uterinas provocadas pela PGF2a coincidindo com a dilatação do colo uterino para permitir a passagem do feto para o canal do parto, momento em que começa a segunda fase do parto. A distensão vaginal que produz-se para a passagem do feto pelo canal do parto origina um estímulo nervoso que viaja através da medula espinal para o hipotálamo, onde se encontram os neurônios responsáveis pela síntese de oxitocina. As terminações nervosas destes neurónios são projetadas para o lobo posterior da hipófise (neurohipófise), onde a oxitocina é secretada para ser, posteriormente , transportada pela circulação sanguínea. Este reflexo neuroendócrino chamado reflexo de Ferguson determina a secreção súbita de oxitocina, provocando o aumento tanto na intensidade como na frequência das contrações uterinas necessárias para a expulsão final do feto. O papel da oxitocina é ativar a conclusão do processo de expulsão, uma vez que esta hormona não está envolvida no início do parto. A alteração mais significativa entre a gestação e o parto é a alteração na atividade contrátil do miométrio uterino. Esta mudança é devido às alterações hormonais que ocorrem na mãe quando a gestação chegou a fim. No entanto, para que estes mecanismos maternos sejam acionados, é necessário que o feto indique de alguma forma à mãe o seu estado de desenvolvimento, de modo que o nascimento realize-se quando o feto estiver preparado para enfrentar a vida extrauterina. 2.2 Fatores fetais A destruição experimental da hipófise e/ou das glândulas adrenais do feto origina o prolongamento da gestação nos animais domésticos. Pelo contrário, a administração exógena de cortisol (corticosteroides adrenais), ou do seu precursor hipofisário (ACTH), à circulação fetal provoca, em poucas horas, o início do parto. Estes fatos evidenciam a importância do eixo hipófise-adrenal do feto para desencadear o início do parto (figura 2). Figura 2. Mecanismos fetais que controlam o parto em ovelhas. Fonte: LIGGINS et al, 1972. No final da gestação, o feto maduro apresenta um aumento da concentração de corticosteroides plasmáticos devido ao efeito estimulante da hormona adrenocorticotróide (ACVH) secretada pela hipófise fetal sobre as glândulas adrenais do feto. Os corticosteroides fetais por sua vez estimulam as enzimas placentárias para transformar a progesterona em estrogênio. O resultado final é a diminuição dos níveis de progesterona ao mesmo tempo que se eleva a concentração de estrogênios que, por sua vez, estimulam a libertação de PGF2a responsável pelas contrações uterinas. Este raciocínio explica algumas doenças caracterizadas por gestação prolongada em ovelhas, como ocorre na África do Sul, onde estes animais são obrigados, durante as épocas de seca, a ingerir as folhas de um arbusto chamado Salsola tuberculate. O prolongamento da gestação ocorre quando estas folhas são ingeridas durante o último terço da gestação cujos efeitos estão relacionados com a supressão do eixo hipotálamo-hipófise, com o qual as adrenais não recebem o estímulo necessário (ACTH) para a síntese e liberação de corticoides. O efeito contrário é observado nas cabras da raça Angorá, nas quais se produzem, com relativa frequência, partos prematuros que podem estar relacionados com um desenvolvimento precoce das glândulas adrenais. Isto significa que, nos animais domésticos, o feto determina a data do parto. O sinal hormonal que indica à mãe o grau de maturidade do feto é o desenvolvimento do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal que origina o aumento na secreção de corticoides fetais que são os responsáveis por desencadear as alterações hormonais no organismo materno necessárias para iniciar o parto. A figura 2 mostra como a remoção da hipófise e as adrenais do feto prolongam a gestação, enquanto a administração exógena de ACTH ou corticoides (cortisol) ao feto originam um parto prematuro. O momento em que ocorre o aumento da concentração plasmática de corticoides no feto varia de acordo com a espécie: de 25 a 30 dias antes do parto na vaca, de 7 a 10 dias na porca e de 2 a 3 dias na ovelha. 2.3 Desenvolvimento e fases do parto O parto inicia-se com o início das contrações peristálticas e regulares do miométrio uterino ao mesmo tempo que o colo do útero se dilata progressivamente. Nas fêmeas que gestam um único feto (monotecas), as contrações começam na extremidade anterior do córneo uterino, enquanto que nas espécies que gestam vários fetos (politocas) as contrações começam pela extremidade cervical para começar a expulsar o feto que se encontra mais próximo do cérvix. Durante o parto são reconhecidas três fases: 1. Fase preparatória - Na qual as contrações uterinas estimulam a rotação do feto (fêmeas monotecas) para adotar a posição dorsal (extremidades anteriores e cabeça forçadas contra o cérvix) que lhe permite oferecer a menor resistência para sua expulsão. A PGF2a provoca as contrações miometriais e a dilatação do cérvix, deslocando o feto contra e através desta estrutura. 2. Fase de expulsão - A passagem do feto através do colo uterino e da vagina causam a completa dilatação destas estruturas, originando a secreção de oxitocina (reflexo de Ferguson), que provoca contrações de maior frequência e intensidade. Por sua vez, estas contrações uterinas são reforçadas pela pressão e contração dos músculos abdominais, chegando estes últimos a ser a força principal (forças de expulsão) envolvida no processo de expulsão do feto. O cordão umbilical rompe-se bem ao levantar-se a mãe ou pelos movimentos do recém-nascido. 3. Fase de expulsão da placenta - Após o parto, as contrações rítmicas do útero continuam a facilitar a expulsão da(s) placenta(s). O tempo necessário para este processo varia de acordo com a espécie animal. Este processo é rápido na égua, já que a separação do corion (membrana fetal) de sua inserção uterina ocorre durante a expulsão do feto, com o qual o parto deve ser concluído rapidamente ou, caso contrário, o potro se asfixiaria. Nos ruminantes, a expulsão da placenta cotiledonaria é um processo mais lento que exige a separação dos cotilédones (membrana fetal) das carúnculas do útero. Por conseguinte, a troca de nutrientes e oxigênio entre a mãe e o feto continua até que este tenha sido totalmente expelido, devido ao cordão umbilical destes animais ser bastante longo. Nas fêmeas politocas, como a porca, geralmente as placentas de vários leitões são expulsadas no final, quando os leitões já foram expelidos, se bem que o último leitão poderá ser expelido durante a expulsão da massa placentária. 3. LACTAÇÃO A lactação constitui o processo que define os mamíferos como classe biológica. O desenvolvimento pós-natal dos mamíferos vai depender, em grande medida, dos nutrientes e defesas fornecidos pela mãe através da secreção de leite (imunoglobulinas). Assim, uma vez concluído o desenvolvimento gestacional do feto, a glândula mamária irá substituir, de certa forma, a função nutritiva e protetora da placenta durante a gestação. 3.1 Anatomia funcional da glândula mamária A estrutura funcional da glândula mamária é muito semelhante em todos os mamíferos, embora o tamanho, forma e número de glândulas varia dependendo da espécie animal. As glândulas mamárias desenvolvem-se como estruturas pares cujo número varia de um par (égua, cabra e ovelha), dois pares (vaca) até sete ou nove (porca). A localização das glândulas também difere sendo inguinal em vaca, égua, cabra e ovelha, enquanto que na porca, cadela e gata se estendem por todo o comprimento do tórax e abdômen. Nos animais domésticos em geral as glândulas mamárias recebem o nome de úberes. Tomando como modelo a vaca, a glândula mamária se organiza em duas estruturas: o estroma, formado por tecido conjuntivo procedente dos ligamentos suspensório medial, localizado entre os dois pares de glândulas, dando suporte à segunda estrutura que é o tecido secretor. Este é formado por acúmulos de células secretoras formando estruturas ocas chamadas alvéolos, que são as unidades fundamentais secretoras de leite. Os alvéolos estão circulados internamente por células epiteliais (secretoras) e rodeados externamente por células mioepiteliais contráteis, cuja contração origina a ejeção do leite (figura 3). O agrupamento de vários alvéolos adjacentes formam um lobo secretor. Figura 3. Diagrama de um agregado de alvéolos na glândula mamária de uma cabra. Fonte: COWIE et al, 1980. Os lobos expelem a secreção através de ductos que, por sua vez, drenam os ductos galactóforas (ductos lácteos) de maior diâmetro, para desembocar em áreas especializadas em armazenar o leite chamadas cisternas (vaca, cabra). Finalmente, a cisterna abre-se para o exterior através do canal papilar da teta. A presença do músculo liso na teta permite-lhe agir como esfíncter para impedir que o leite seja expelido passivamente do interior da glândula. O mamilo/teta é provido de numerosos receptores sensitivos cuja excitação durante a ordenha ou amamentação vai desencadear estímulos nervosos de grande importância para a manutenção da lactação. 3.2 Desenvolvimento da glândula mamária (mamogênese) A glândula mamária difere das demais glândulas do organismo no escasso desenvolvimento que apresenta no nascimento da fêmea, o qual não se inicia até que esta não atinja a puberdade. O início da atividade cíclica do ovário (puberdade) dá origem à síntese de estrogênios (fase folicular do ciclo estral) e progesterona (fase lútea). Os estrogênios originam o alongamento e ramificação dos ductos e a formação de pequenas massas esféricas de células (os futuros alvéolos). Embora este desenvolvimento seja dependente do estrogênio, é também necessária a ação sinérgica da prolactina, hormona do crescimento (GH) e corticoides adrenais, como demonstrado pelos estudos realizados em ratos aos quais foi removida a hipófise, glândulas suprarrenais e ovários (figura 4). A função da progesterona no desenvolvimento da glândula mamária é estimular o crescimento do lobo-alveolar, mas como no caso anterior também requer a ação conjunta dos hormônios acima mencionados. Figura 4. Hormonas relacionadas com o crescimento da glândula mamária e início da secreção de leite na rata hipofisectomizada-adrenoectomizada-ovariectomizada. Fonte: COWIE, 1980. O desenvolvimento da glândula, durante cada ciclo estral, vai depender da duração da fase folicular (níveis elevados de estrogênio), já que nas restantes fases do ciclo, quando os níveis de estrogênio são baixos, os ductos sofrem uma ligeira regressão. Nas espécies com ciclos curtos (rata), em que a fase folicular do ciclo é predominante, enquanto a fase lútea é quase inexistente, verifica-se um grande desenvolvimento dos ductos; enquanto que aquelas que apresentam um corpo lúteo funcional de longa duração (cadela e primatas), além do crescimento dos ductos, mostram um grande desenvolvimento lóbulo-alveolar semelhante ao que ocorre na gestação. É durante a gestação que o sistema alveolar sofre uma hipertrofia considerável, resultando em lobos proeminentes e no desenvolvimento da luz interna dos alvéolos, fato que é evidente na maioria dos animais domésticos por volta da metade do período gestacional. Em algumas espécies, as células que circundam interiormente os alvéolos contêm produtos secretores, indicando que a glândula mamária já está preparada para a fase da lactação. O desenvolvimento glandular durante a gestação deve-se ao efeito conjunto da progesterona e dos estrogênios com as hormonas hipofisárias acima mencionadas: prolactina, hormona do crescimento (GH) e adrenocorticotropina (ACTH). A proporção entre estrogênios e progesterona varia de acordo com a espécie, mas geralmente é necessária uma maior concentração de progesterona (proveniente do corpo lúteo ou da placenta). Quanto às hormonas hipofisárias, a prolactina desempenha um papel fundamental na diferenciação da glândula mamária (mesmo a baixas concentrações) ao estimular o desenvolvimento do epitélio secretor dos alvéolos. A GH favorece o crescimento dos ductos e a ACTH estimula a secreção de corticoides nas adrenais que, por sua vez, favorecem de forma generalizada o crescimento das glândulas. 3.3 Secreção da glândula mamária (lactogênese) A lactogênese, ou o processo pelo qual se produz a síntese e secreção do leite pela glândula mamária, começa no final da gestação coincidindo com o desencadeamento do parto. O primeiro leite formado imediatamente antes ou depois do parto é denominado colostro. No entanto, a lactação não pode desenvolver- se completamente até que se inicie o processo de parto. Isto deve-se ao fato de que o processo de lactação resulta de uma interação complexa de hormonas que preparam a glândula mamária para a secreção do leite. Os requisitos hormonais mínimos para o início da lactogênese são: aumento da secreção de estrogênios, prolactina e corticoides, juntamente com a diminuição da concentração de progesterona, perfis hormonais que estão intimamente relacionados com o desencadeamento do parto. Isto deve-se ao fato de que a progesterona inibe a atividade lactogênica da prolactina bloqueando a formação dos seus receptores na glândula mamária durante a gestação impedindo, assim, a prolactina de sintetizar os componentes fundamentais do leite. Pelo contrário, o aumento da concentração de estrogênios no final da gestação (figura 1, na seção do parto) estimula a síntese, o armazenamento e a secreção hipofisária de prolactina. Assim, apesar da glândula mamária estar preparada para iniciar a secreção de leite, muito antes da data prevista para o parto, a elevada concentração de progesterona (existente durante esse período de gestação) impede a fase láctea (saída do leite pelas tetas) de ocorrer antes da expulsão do feto. Desta forma, o feto poderá beneficiar das vantagens que o fornecimento do colostro materno irá trazer para a sua sobrevivência (imunização, nutrição e favorecimento da exoneração do mecônio). O aumento da concentração de estrogênios nos dias que antecederem o parto resulta num rápido aumento das concentrações plasmáticas de prolactina e corticoides. A prolactina é a hormona lactogênica mais importante na síntese dos componentes do leite. No entanto, para que esta hormona possa exercer a sua função, é necessária a participação dos corticoides, já que os mesmos são os responsáveis pelo desenvolvimento das organelas citoplasmáticas (retículo endoplasmático rugoso e aparelho de Golgi) onde se realiza a síntese do leite. No desenvolvimento da lactogênese, para além da prolactina e dos corticoides, participam também outras hormonas como a insulina, a tiroxina e o hormônio do crescimento. A insulina estimula a proliferação de novas células epiteliais na glândula mamária, enquanto a tiroxina, embora não seja essencial para a lactação, pode influenciar no volume de leite produzido pela fêmea (alta produção leiteira). Por último, a hormona do crescimento favorece, em geral, a lactação, existindo atualmente um interesse considerável no uso desta hormona para promover a produção adicional de leite em vacas através da sua administração exógena (trabalho e projeto desenvolvido pela professora titular e médica-veterinária do IFPB Campus Sousa Marianne Christina Velaqua). 3.3.1 Síntese e secreção dos componentes do leite Os principais constituintes do leite são: proteínas (caseína, alfa-lactalbumina, albumina sérica e imunoglobulinas), açúcares (lactose), gorduras (principalmente sob a forma de triglicerídeos), vitaminas, minerais e citrato (no caso dos ruminantes). As proteínas (caseína e alfa-lactalbumina) são sintetizadas no retículo endoplasmático rugoso e posteriormente embaladas em vesículas secretoras do aparelho de Golgi para serem liberadas da célula para a luz alveolar mediante um processo de exocitose. A lactose é o principal açúcar do leite que, além disso, atua regulando a pressão osmótica do mesmo de modo que o volume de leite que a glândula mamária segrega está diretamente relacionado com a quantidade de lactose presente. A síntese da lactose ocorre no aparelho de Golgi pela condensação de glicose e galactose; esta reação é catalisada por uma enzima (lactose sintetase) presente na membrana do aparelho de Golgi que, por sua vez, é ativada pela proteína alfa-lactalbumina. Esta proteína só aparece na glândula mamária e é essencial para a síntese da lactose, o que demonstra que este açúcar é exclusivamente formado no leite. A lactose é também embalada junto com o cálcio, o fosfato e as proteínas nas vesículas secretoras para ser expulsada ao lúmen alveolar por exocitose. As imunoglobulinas (anticorpos IgA) são formadas pelas células plasmáticas, derivadas dos linfócitos B do sangue, como consequência da exposição da mãe a diferentes microrganismos. Estes anticorpos passam para a glândula mamária por migração dessas células a partir dos tecidos adjacentes. Os triglicerídeos são sintetizados no citoplasma e no retículo endoplasmático liso a partir de ácidos graxos provenientes da circulação sanguínea; em seguida, unem-se formando glóbulos de gordura que se dirigem até o vértice da membrana plasmática para serem finalmente expelidos para a luz do alvéolo, rodeados pela membrana, formando assim uma dispersão de glóbulos de gordura (figura 5). Figura 5. Estrutura de três células alveolares durante a síntese do leite. Fonte: COWIE, 1980. Do ponto de vista quantitativo, a caseína e os triglicerídeos constituem as proteínas e as fontes de energia, respectivamente, mais importantes do leite. Por último, o citrato é um intermediário do metabolismo da glicose que ocorre em grande concentração no leite dos ruminantes. Este composto é também englobado no interior das vesículas secretoras, junto com os outros compostos, para sua expulsão à luz alveolar. A composição do leite varia dependendo da espécie animal, e difere também até entre a mesma espécie. Estas variações estão relacionadas com a raça, idade, estágio de lactação e estado nutricional do animal. O teor de gordura no leite de ovelhas, porcas, cadelas e gatas varia entre 7 e 10%. No gado leiteiro estes valores variam de 3,5 a 5,5%, dependendo da raça. Em relação às cabras, os valores de gordura são muito semelhantes aos das vacas, enquanto o leite das éguas é o que tem menor teor de gordura (tabela 1). Espécie Gordura Proteína Lactosa Cinzas/Cálcio Gata 7,1 10,1 4,2 0,5 Vaca holandesa 3,5 3,1 4,9 0,7 Cadela 9,5 9,3 3,1 1,2 Cabra 3,5 3,1 4,6 0,8 Égua 1,6 2,4 6,1 0,5 Tabela 1. Composição do leite em várias espécies (%). Fonte: JACOBISON, 1984. 3.4 Manutenção da lactação (galactopoiese) A capacidade da glândula mamária de secretar um grande volume de leite começa em/ou imediatamente antes do parto, para aumentar no período pós-parto durante um tempo variável e, posteriormente, diminuir de forma gradual. Em geral, existe um paralelismo entre a atividade secretora da glândula e a procura de leite por parte do lactente. Isto deve-se ao fato de sucção pelo lactente, ou a extração por ordenha, que constituem o fator fundamental para a manutenção da lactação. A sucção estimula a lactação de duas formas: a) reduzindo os efeitos inibitórios da pressão intramamária produzida pela acumulação de leite, e b) estimulando intensamente a secreção de hormonas necessárias para manter a síntese e secreção de leite nos alvéolos. As hormonas que desempenham um papel fundamental na manutenção da lactação são: I) a prolactina, que é responsável pela estimulação da síntese e secreção de leite nas células epiteliais nos alvéolos, e 2) a oxitocina, que provoca a contração das células musculares que circundam externamente os alvéolos e os ductos (células mioepiteliais). A libertação de ambos os hormônios ocorre como resultado de um reflexo neuroendócrino originado pela estimulação do mamilo. 3.4.1 Secreção reflexa de prolactina A secreção de prolactina é regulada por dois fatores hipotalâmicos: a dopamina, que inibe a secreção de prolactina e um fator cuja identidade não está bem definida, conhecido como fator liberador de prolactina (PRF)que estimula a liberação deste hormônio. O estímulo sensorial originado como sequência da estimulação do mamilo, pela sucção do lactente, é transportado através da medula espinhal para o hipotálamo, onde atua na inibição da dopamina ou estimulando a secreção do PRF para desencadear a secreção de prolactina da adenohipófise para a circulação sanguínea (figura 6). Figura 6. Reflexos neuroendócrinos secretores de prolactina e oxitocina. Fonte: HAFEZ, 2000. A prolactina estimula a secreção dos componentes do leite para a luz dos alvéolos, afim de repor o volume de leite extraído durante a última ordenha ou sucção. Ao mesmo tempo, a prolactina induz a síntese das proteínas, incluindo a alfa-lactalbumina para estimular novamente a síntese da lactosa, bem como as enzimas necessárias para a produção dos triglicerídeos. Desta forma, a secreção de prolactina originada pelo lactente durante o aleitamento proporciona um mecanismo simples para combinar o volume de produção de leite com as necessidades do lactente. A quantidade de prolactina liberada durante cada período de sucção depende do número de crias, da duração do estímulo e dos intervalos de tempo decorridos entre os períodos de sucção (ou ordenha). No caso das vacas leiteiras, as ordenhas são geralmente realizadas de doze em doze horas, intervalo de tempo suficiente para manter a lactogênese. Os valores plasmáticos de prolactina aumentam imediatamente após o início da ordenha, mas os valores mais elevados são obtidos cerca de meia hora após o início do estímulo (ordenha ou sucção). A secreção de prolactina e a produção de leite são influenciadas de alguma forma pelo fotoperíodo, uma vez que, em alguns animais se comprovou como o aumento do número de horas de exposição à luz dá origem a um aumento da concentração de prolactina circulante, bem como uma maior produção de leite (entre 6 e 10%) (trabalho e projeto elaborado pelos estudantes do curso técnico em agropecuária e da graduação em Medicina Veterinária do IFPB Campus Sousa sob a coordenação e orientação da profa. Me. Esp. Marianne C. Velaqua). 3.4.2 Reflexo da ejeção do leite A sucção do mamilo pelo lactente estimula os receptores sensoriais presentes nesta estrutura, originando a geração de impulsos nervosos que são transmitidos pelas vias nervosas ascendentes da medula espinhal para os corpos celulares produtores de oxitocina no hipotálamo. O estímulo desencadeia a síntese e liberação de um bolo de oxitocina através das terminações nervosas dos núcleos hipotalâmicos para a neurohipófise, da qual é transmitida, através do sangue, para a glândula mamária, provocando a contração das células mioepiteliais que rodeiam os alvéolos (figura 6). Além da estimulação direta do mamilo provocada pela sucção, qualquer estímulo relacionado à ordenha é capaz de gerar o reflexo da ejeção, por exemplo: os estímulos sensoriais auditivos (ruído dos cubos na hora da ordenha), visuais (ambiente da sala de ordenha), táteis (lavagem manual dos mamilos antes da ordenha) e os estímulos olfatórios que se produzem em torno do animal. O desencadeamento do reflexo de ejeção pelos estímulos sensoriais, que não estão diretamente relacionados com a sucção ou ordenha, indica a possível participação de centros superiores do sistema nervoso central para controlar a secreção de oxitocina. Esta teoria é baseada em que os estímulos relacionados com situações de estresse em animais de estimação (medo, ansiedade, frio, etc.) inibem a ejeção do leite. A contração das células mioepiteliais gera um aumento da pressão intra-alveolar mamária, provocando o deslocamento do leite para os ductos maiores da glândula. Este efeito é popularmente conhecido como diminuição do leite e constitui um mecanismo fisiológico muito eficaz para controlar a expulsão do leite para o mamilo, assegurando que a ejeção do leite se realize unicamente quando o lactente o demanda. O efeito estimulante da oxitocina é de grande importância já que a maior parte do leite se encontra nos alvéolos e nos ductos, com o qual, a ausência deste hormônio provocaria um lento movimento do leite para a cisterna do úbere e, portanto, uma menor quantidade de leite. Assim, quando os alvéolos e ductos menores são contraídos, ocorre o relaxamento dos ductos principais, bem como da cisterna (ruminantes) e do mamilo, o que dá origem a um aumento destas estruturas para alojar o volume de leite expelido. Como resultado da volumosa ejeção do leite dos alvéolos e ductos menores, ocorre um aumento da pressão intramamária de modo que o lactente terá que vencer a resistência do esfíncter do mamilo para poder extrair o leite. A produção de leite pela glândula mamária diminui gradualmente à medida que os intervalos de tempo entre os dois períodos de amamentação do lactente diminuem e os estímulos necessários para manter as concentrações de prolactina e oxitocina na circulação sanguínea. A diminuição ou cessação da secreção de leite, geralmente coincide com a mudança na alimentação das crias (desmame) para passar à dieta característica da espécie. 3.5 Colostro O colostro é o primeiro leite que se forma na glândula mamária coincidindo com o parto. A ingestão de colostro por recém-nascidos é de grande importância para a sua sobrevivência, não só pelo seu elevado valor nutritivo, mas também pelo seu teor em imunoglobulinas (IgA) que lhe confere a imunização passiva necessária para o proteger contra patologias. Em algumas espécies (homem, coelho e cobaia) grande parte dos anticorpos passam para a circulação do feto através da placenta durante a gestação. Nos animais domésticos (vaca, égua, ovelha, cabra, porco) as características da placenta (número de camadas entre a circulação materna e fetal) não permitem a passagem destas proteínas. Como resultado, a imunização das crias nestas espécies animais vai depender da transferência das imunoglobulinas através do colostro. O epitélio intestinal dos recém-nascidos permite a passagem destas imunoglobulinas durante as primeiras 24 a 48 horas de vida. Passado este tempo, o epitélio torna-se impermeável à passagem dos anticorpos, fato que põe em evidência a importância que tem para os animais recém-nascidos e desprovidos de defesas a ingestão do colostro durante os primeiros dias. A composição do colostro caracteriza-se (em relação ao leite normal) por um teor mais elevado de proteínas, vitaminas, minerais e uma menor concentração de lactose. A composição do colostro muda gradualmente durante os primeiros três dias após o parto para se transformar em leite normal. 4. RESUMO E PRIMEIRAS CONCLUSÕES O parto, ou processo fisiológico pelo qual se expulsa o feto, é o resultado da maturação sequencial de um sistema de comunicação hormonal. A sequência inicia-se no sistema nervoso central do feto de onde os sinais são transmitidos e amplificados, através da hipófise, para as glândulas adrenais fetais, as quais respondem ao estímulo mediante a secreção de cortisol. O aumento da concentração de cortisol por parte do feto indica que este conseguiu o desenvolvimento necessário para enfrentar a vida extrauterina e, portanto, é hora de interromper a gestação. O cortisol atua sobre a placenta para aumentar a secreção de estrogênios que, por sua vez, estimulam a síntese e a liberação de prostaglandinas. O resultado é a diminuição da progesterona, que é a hormona encarregada de manter a gestação ao inibir as contrações espontâneas do útero, impedindo assim a expulsão prematura do feto. O útero, sob os efeitos da prostaglandina, começa a contrair-se ao mesmo tempo que o colo uterino amolece e dilata progressivamente (fase preparatória do parto). A passagem do feto ao canal do parto origina a secreção reflexa de oxitocina (fase de expulsão), causando contrações de maior frequência e intensidade que culminam com a expulsão do feto. Finalmente, as contrações uterinas continuam durante algum tempo até que finalmente é expulsa a placenta (fase de expulsão da placenta). O desenvolvimento da glândula mamária durante a gestação e a subsequente capacidade desta estrutura para secretar leite, coincidindo com o parto, oferece aos animais pertencentes à classe biológica dos mamíferos a vantagem de alimentar as suas crias para assegurar a sua sobrevivência durante as primeiras fases do seu desenvolvimento e, portanto, a continuidade da espécie. A lactação constitui um dos processos fisiológicos mais complexos em consequência do grande número de hormonas que, segregadas de forma coordenada, controlam as diferentes fases pelo que atravessa este processo: I) mamogênese ou desenvolvimento dos dutos e estruturas lóbulo-alveolares durante a gestação; 2) lactogênese ou síntese láctea por células epiteliais e sua secreção para a luz alveolar coincidindo com o parto, e 3) galactopoiese ou manutenção da síntese e secreção do leite como consequência da sua extração da glândula mamária seja pela sucção da cria ou pela ordenha. -/- Emanuel Isaque Cordeiro da Silva – Departamento de Zootecnia da UFRPE. Recife, 2020. -/- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS -/- BEIGHLE, D. E. The effect of gestation and lactation on bone calcium, phosphorus and magnesium in dairy cows. Journal of the South African Veterinary Association, v. 70, n. 4, p. 142-146, 1999. BRACKELL, B. G.; JR SEIDEL, G. E.; SEIDEL, S. 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Reproducción en los animales domésticos. Montevidéu: Melibea, 2002. (shrink)

How do people decide which claims should be considered mere beliefs and which count as knowledge? Although little is known about how people attribute knowledge to others, philosophical debate about the nature of knowledge may provide a starting point. Traditionally, a belief that is both true and justified was thought to constitute knowledge. However, philosophers now agree that this account is inadequate, due largely to a class of counterexamples (termed ‘‘Gettier cases’’) in which a person’s justified belief is true, but (...) only due to luck. We report four experiments examining the effect of truth, justification, and ‘‘Gettiering’’ on people’s knowledge attributions. These experiments show that: (1) people attribute knowledge to others only when their beliefs are both true and justified; (2) in contrast to contemporary philosophers, people also attribute knowledge to others in Gettier situations; and (3) knowledge is not attributed in one class of Gettier cases, but only because the agent’s belief is based on ‘‘apparent’’ evidence. These findings suggest that the lay concept of knowledge is roughly consistent with the traditional account of knowledge as justified true belief, and also point to a major difference between the epistemic intuitions of laypeople and those of philosophers. (shrink)

Can the persistence of a human being's soul at death and prior to the bodily resurrection be sufficient to guarantee that the resurrected human being is numerically identical to the human being who died? According to Thomas Aquinas, it can. Yet, given that Aquinas holds that the human being is identical to the composite of soul and body and ceases to exist at death, it's difficult to see how he can maintain this view. In this paper, I address Aquinas's response (...) to this objection . After making a crucial clarification concerning the nature of the non-repeatability principle on which the objection relies, I argue that the contemporary notion of immanent causal relations provides us with a way of understanding Aquinas's defence that renders it both highly interesting and philosophically plausible. (shrink)

The growth of self-tracking and personal surveillance has given rise to the Quantified Self movement. Members of this movement seek to enhance their personal well-being, productivity, and self-actualization through the tracking and gamification of personal data. The technologies that make this possible can also track and gamify aspects of our interpersonal, romantic relationships. Several authors have begun to challenge the ethical and normative implications of this development. In this article, we build upon this work to provide a detailed ethical analysis (...) of the Quantified Relationship. We identify eight core objections to the QR and subject them to critical scrutiny. We argue that although critics raise legitimate concerns, there are ways in which tracking technologies can be used to support and facilitate good relationships. We thus adopt a stance of cautious openness toward this technology and advocate the development of a research agenda for the positive use of QR technologies. (shrink)

Recent years have seen fresh impetus brought to debates about the proper role of statistical evidence in the law. Recent work largely centres on a set of puzzles known as the ‘proof paradox’. While these puzzles may initially seem academic, they have important ramifications for the law: raising key conceptual questions about legal proof, and practical questions about DNA evidence. This article introduces the proof paradox, why we should care about it, and new work attempting to resolve it.

In his “Space, supervenience and substantivalism”, Le Poidevin proposes a substantivalism in which space is discrete, implying that there are unmediated spatial relations between neighboring primitive points. This proposition is motivated by his concern that relationism suffers from an explanatory lacuna and that substantivalism gives rise to a vicious regress. Le Poidevin implicitly requires that the relationist be committed to the “only x and y ” principle regarding spatial relations. It is not obvious that the relationist is committed to this (...) principle in such a context. An additional motivation for Le Poidevin's argument, that space should be considered to be discrete, is that he believes that substantivalists are committed to a vicious regress. I show that the regress is in fact not of the vicious variety. These two main arguments show that Le Poidevin's suggestion that we drop the density postulate for space is unnecessary. (shrink)

Recent work takes both philosophical and scientific progress to consist in acquiring factive epistemic states such as knowledge. However, much of this work leaves unclear what entity is the subject of these epistemic states. Furthermore, by focusing only on states like knowledge, we overlook progress in intermediate cases between ignorance and knowledge—for example, many now celebrated theories were initially so controversial that they were not known. -/- This paper develops an improved framework for thinking about intellectual progress. Firstly, I argue (...) that we should think of progress relative to the epistemic position of an intellectual community rather than individual inquirers. Secondly, I show how focusing on the extended process of inquiry (rather than the mere presence or absence of states like knowledge) provides a better evaluation of different types of progress. This includes progress through formulating worthwhile questions, acquiring new evidence, and increasing credence on the right answers to these questions. I close by considering the ramifications for philosophical progress, suggesting that my account supports rejecting the most negative views while allowing us to articulate different varieties of optimism and pessimism. (shrink)

Discussion of partial grounds that aren't parts of full grounds; definition of full grounding in terms of partial grounding.

In several lectures, interviews and essays from the early 1980s, Michel Foucault startlingly argues that he is engaged in a kind of critical work that is similar to that of Immanuel Kant. Given Foucault's criticisms of Kantian and Enlightenment emphases on universal truths and values, his declaration that his work is Kantian seems paradoxical. I agree with some commentators who argue that this is a way for Foucault to publicly acknowledge to his critics that he is not, as some of (...) them charge, attempting a total critique of Enlightenment beliefs and values, but is instead attempting to transform them from within. I argue further that Foucault's self-professed Kantianism can also productively be read as a means of encouraging change in his intellectual audience, a call to courage to take up the thread of Enlightenment thought that Foucault finds in Kant's essay, `What is Enlightenment?': that of directing one's philosophical efforts towards questioning and transforming one's own present in its historical specificity, for the sake of promoting the values of freedom and autonomy therein. Though much of Kant's philosophical work is focused on that which lies outside of history, Foucault locates in some of it a concern for what is happening here and now that, I argue, he encourages his audience to take up for themselves through tracing his own intellectual lineage to Kant. In so doing, he encourages contemporary philosophers to consider the value and effects of their work on the present social and political contexts in which they live. (shrink)

According to C. S. Peirce, resemblance or similarity is the basis for the relationship of iconic signs to their dynamical objects. But what is the basis of resemblance or similarity itself and how is the phenomenon of iconicity generated? How does it function in cultural practices and processes by which various forms of signs are generated (say, for example, the cartographical procedures by which maps are drawn, more generally, the diagrammatic ones by which networks of relationships are iconically represented)? To (...) what extent are they themselves performances (maps are always both the result of mappings andthe impetus for re-mappings)? With examples from texts by Virginia Woolf, W. G. Sebald and Reif Larsen, I will argue that literary texts provide us with uniqueresources for exploring, among other matters, the performative dimension of iconicity in the complex interaction among icon, index and metaphor as aprerequisite for semiosis, the generation of signs. (shrink)

I analyse the 2014 policy to promote 'British values' in schools from the perspective of the two main positions in contemporary liberal theory, comprehensive liberalism and political liberalism. I highlight in what ways comprehensive and political liberal defences of the policy are unsatisfactory, before briefly sketching a possible alternative position – ‘thin comprehensive liberalism’ – and discussing its potential for justifying a substantive education in liberal values. In light of this theoretical perspective, I suggest some ways that the existing British (...) values policy might be amended in practice so as to bring it more in line with the liberal ideal. (shrink)

"Wilderness" is a concept which has undergone a radical change in recent years. Owing to the scale of global destruction of the wilderness and its various ecosystems, the idea of wilderness has been transformed from its original negative sense as an Other into a matter of public concern. This as replaced the understanding of "wilderness " not only as a place but as a category closely linked with the development of buman culture. As the result of human practice and representation, (...) nature is thus also political Models and concepts of nature in the creative arts can be indicative of a certain culture's relationship with nature, as they communicate prevailing ideologies. This is particularly pertinent to concepts of nature in Canada where wilderness includes vast tracts of forests, lakes and an Arctic North, which has led to a distinctively Canadian relationship between Canadians and their natural environment. The change in the literary representations of interactions between humankind and environment in Canadian fiction - from the "double vision" resulting from the view of the wilderness both as a threatening Other and free space; to the view of threatened nature as a means of identification; and, finally, as a post-modem place of transgression and possibility - invites questions about both the semiotic threshold between nature and culture, and about the function of boundaries in the constitution of identity. (shrink)

In this paper, I claim that extant empirical data do not support a radically embodied understanding of the mind but, instead, suggest (along with a variety of other results) a massively representational view. According to this massively representational view, the brain is rife with representations that possess overlapping and redundant content, and many of these represent other mental representations or derive their content from them. Moreover, many behavioral phenomena associated with attention and consciousness are best explained by the coordinated activity (...) of units with redundant content. I finish by arguing that this massively representational picture challenges the reliability of a priori theorizing about consciousness. (shrink)

Despite playing an important role in epistemology, philosophy of science, and more recently in moral philosophy and aesthetics, the nature of understanding is still much contested. One attractive framework attempts to reduce understanding to other familiar epistemic states. This paper explores and develops a methodology for testing such reductionist theories before offering a counterexample to a recently defended variant on which understanding reduces to what an agent knows.

The recent literature on mental causation has not been kind to nonreductive, materialist functionalism (‘functionalism’, hereafter, except where that term is otherwise qualified). The exclusion problem2 has done much of the damage, but the epiphenomenalist threat has taken other forms. Functionalism also faces what I will call the ‘problem of metaphysically necessary effects’ (Block, 1990, pp. 157-60, Antony and Levine, 1997, pp. 91-92, Pereboom, 2002, p. 515, Millikan, 1999, p. 47, Jackson, 1998, pp. 660-61). Functionalist mental properties are individuated partly (...) by their relation to the very effects those properties’ instantiations are thought to cause. Consequently, functionalist causal generalizations would seem to have the following problematical structure: The state of being, among other things, a cause of e (under such-andsuch conditions) causes e (under those conditions).3 The connection asserted lacks the contingency one would expect of a causal generalization. Mental states of the kind in question are, by metaphysical necessity, causes of e; any state that does not cause e is thereby a different kind of state. Yet, a mental state’s being the sort of state it is must play some causal role if functionalism is to account for mental causation.4 In what follows, I first articulate more fully the problem of metaphysically necessary effects. I then criticize three functionalist attempts to solve the problem directly. Given the failure of functionalist efforts to meet the problem head-on, I consider less direct strategies: these involve formulating functionalism or its causal claims in such a way that they appear not to generate the problem of metaphysically necessary effects. I argue against these indirect solutions, in each case concluding either that the problem still arises or that avoiding it requires the adoption of an unorthodox form of functionalism (itself a surprising result). In the final.. (shrink)

At several points throughout his career, Foucault suggests that publishing texts without authors’ names attached would be a useful step towards dismantling what he calls the “author-function:” a social and political role structured according to the way discourse is treated and disseminated in a particular social setting. I discuss Foucault’s criticisms of the author-function in terms of its relationship to the political role of intellectuals, and I argue that the demise of this role cannot be achieved through the means of (...) authorial anonymity, as Foucault suggests. Rather, it must be undermined from a position within this role itself. (shrink)

A question, long discussed by legal scholars, has recently provoked a considerable amount of philosophical attention: ‘Is it ever appropriate to base a legal verdict on statistical evidence alone?’ Many philosophers who have considered this question reject legal reliance on bare statistics, even when the odds of error are extremely low. This paper develops a puzzle for the dominant theories concerning why we should eschew bare statistics. Namely, there seem to be compelling scenarios in which there are multiple sources of (...) incriminating statistical evidence. As we conjoin together different types of statistical evidence, it becomes increasingly incredible to suppose that a positive verdict would be impermissible. I suggest that none of the dominant views in the literature can easily accommodate such cases, and close by offering a diagnosis of my own. (shrink)

Agent-causal libertarians maintain we are irreducible agents who, by acting, settle matters that aren’t already settled. This implies that the neural matters underlying the exercise of our agency don’t conform to deterministic laws, but it does not appear to exclude the possibility that they conform to statistical laws. However, Pereboom (Noûs 29:21–45, 1995; Living without free will, Cambridge University Press, Cambridge, 2001; in: Nadelhoffer (ed) The future of punishment, Oxford University Press, New York, 2013) has argued that, if these neural (...) matters conform to either statistical or deterministic physical laws, the complete conformity of an irreducible agent’s settling of matters with what should be expected given the applicable laws would involve coincidences too wild to be credible. Here, I show that Pereboom’s argument depends on the assumption that, at times, the antecedent probability certain behavior will occur applies in each of a number of occasions, and is incapable of changing as a result of what one does from one occasion to the next. There is, however, no evidence this assumption is true. The upshot is the wild coincidence objection is an empirical objection lacking empirical support. Thus, it isn’t a compelling argument against agent-causal libertarianism. (shrink)

The article aims at formulating a philosophical framework and by this giving some means at hand to save human libertarian freedom, God’s omniscience and God’s ”eternity’. This threefold aim is achieved by 1) conceiving of an agent as having different possibilities to act, 2) regarding God’s knowledge -- with respect to agents -- not only as being ”propositional’ in character but also as being ”experiential’: God knows an agent also from the ”first person perspective’, as the agent knows herself, and, (...) 3), formulating ”eternity’ and ”temporality’ as being homeomorphically related to each other. This gives rise to a coherent interplay that saves both human libertarian freedom and God’s omniscient ”view from eternity’. (shrink)

Paper presented at a meeting of the International Association for Philosophy and Literature, Stony Brook, New York, USA, May 2000. -/- Foucault rejects the idea of intellectuals acting as "prophets": telling others what must be done and what sorts of social and political goals they should pursue. I argue that in outright rejecting such prophecy, Foucault may not be pursuing the most effective means of eventually breaking it down. I locate in Foucauldian genealogical works such as Discipline and Punish a (...) rhetorical strategy through which the intellectual acts as a prophet while also distancing him/herself from this role: the genealogist speaks as a universal intellectual while also encouraging others to question the truths thus provided, as well as the role of the intellectual as prophet itself. I argue that in so doing the genealogist engages in a kind of exile, a term I borrow from Edward Said to denote a movement of distancing without effecting a clean break. This intellectual, rather than rejecting outright the role of the prophet, works within this role while yet distancing him/herself from it -- acting as (what I call) a “prophet in exile.”. (shrink)

Presented at the 2010 Annual Meeting of the Association for Core Texts and Courses, New Brunswick, New Jersey, USA, April 2010. -/- René Descartes’ Discourse on Method is paradoxical in several respects: it was published anonymously, yet is rich in autobiographical detail; further, Descartes insists that “the power of judging well and of distinguishing the true from the false…is naturally equal in all men,” and also that “the world consists almost exclusively of … minds for whom [his method of reasoning] (...) is not at all suitable” (1, 9). The Discourse indicates both that the identity of a particular reasoning subject (such as the author of the text itself) does not matter—because all rational beings could come to the same conclusion if using their reason correctly—and yet also that who one is does indeed matter to showing that one counts as one of the select group of subjects who possess knowledge. The method and its results do not speak for themselves; rather, the author must speak for them, and legitimize his authority in the process. If it were the case that Descartes’ plan did not go beyond “trying to reform [his] own thoughts and building upon a foundation which is completely [his] own” (9), then he might rest content with his own convictions regarding the truth of his conclusions, but if he wants to be recognized by others as possessing knowledge then he must either appeal to existing standards of authority to legitimize his method and its conclusions, or argue for the validity of new ones. Either way, the Discourse demonstrates Michel Foucault’s claims that knowledge production is bound up in a social context that determines what counts as true knowledge and who has the authority to speak about it. Descartes’s text shows an author both boldly presenting revolutionary arguments and methods and revealing his awareness of the difficulties and dangers of resisting the accepted standards of knowledge. It can be used to spark discussion amongst students about whether, even if we believe anyone’s reason might produce knowledge, it is still the case today that only some count as “knowers” according to criteria that are socially determined (e.g., institutional affiliation, status within an institution, the acceptability of certain sorts of projects and methods as legitimate for knowledge). (shrink)

Many teachers appreciate discussing teaching and learning with others, and participating in a community of others who are also excited about pedagogy. Many philosophy teachers find meetings such as the biannual AAPT workshop extremely valuable for this reason. But in between face-to-face meetings such as those, we can still participate in a community of teachers and learners, and even expand its borders quite widely, by engaging in activities under the general rubric of “open education.” Open education can mean many things, (...) from sharing one’s teaching materials openly with others, to using and revising those created by others, to asking students to create open educational materials, and more. In this article I discuss the benefits and possible drawbacks of such activities, and I argue that the former outweigh the latter. (shrink)

Paper presented at the Association for Informal Logic and Critical Thinking meeting in conjunction with the Central Division of the American Philosophical Association, Chicago, April 2004.

Laws of nature seem to take two forms. Fundamental physics discovers laws that hold without exception, ‘strict laws’, as they are sometimes called; even if some laws of fundamental physics are irreducibly probabilistic, the probabilistic relation is thought not to waver. In the nonfundamental, or special, sciences, matters differ. Laws of such sciences as psychology and economics hold only ceteris paribus – that is, when other things are equal. Sometimes events accord with these ceteris paribus laws (c.p. laws, hereafter), but (...) sometimes the laws are not manifest, as if they have somehow been placed in abeyance: the regular relation indicative of natural law can fail in circumstances where an analogous outcome would effectively refute the assertion of strict law. Many authors have questioned the supposed distinction between strict laws and c.p. laws. The brief against it comprises various considerations: from the complaint that c.p. clauses are void of meaning to the claim that, although understood well enough, they should appear in all law-statements. These two concerns, among others, are addressed in due course, but first, I venture a positive proposal. I contend that there is an important contrast between strict laws and c.p. laws, one that rests on an independent distinction between combinatorial and noncombinatorial nomic principles.2 Instantiations of certain properties, e.g., mass and charge, nomically produce individual forces, or more generally, causal influences,3 in accordance with noncombinatorial.. (shrink)

This essay presents the conditional probability of co-contribution account of the individuation of cognitive systems (CPC) and argues that CPC provides an attractive basis for a theory of the cognitive self. The argument proceeds in a largely indirect way, by emphasizing empirical challenges faced by an approach that relies entirely on predictive processing (PP) mechanisms to ground a theory of the cognitive self. Given the challenges faced by PP-based approaches, we should prefer a theory of the cognitive self of the (...) sort CPC offers, one that accommodates variety in the kinds of mechanism that, when integrated, constitute a cognitive system (and thus the cognitive self), to a theory according to which the cognitive self is composed of essentially one kind of thing, for instance, prediction-error minimization mechanisms. The final section focuses on one of the central functions of the cognitive self: to engage in conscious reasoning. It is argued that the phenomenon of conscious, deliberate reasoning poses an apparently insoluble problem for a PP-based view, one that seems to rest on a structural limitation of predictive-processing models. In a nutshell, conscious reasoning is a single-stream phenomenon, but, in order for PP to apply, two streams of activity must be involved, a prediction stream and an input stream. Thus, with regard to the question of the nature of the self, PP-based views must yield to an alternative approach, regardless of whether proponents of the predictive processing, as a comprehensive theory of cognition, can handle the various empirical challenges canvassed in the preceding section. (shrink)

Event-causal libertarians maintain that an agent’s settling of whether certain states-of-affairs obtain on a particular occasion can be reduced to the causing of events (e.g., bodily motions, coming to a resolution) by certain mental events or states, such as certain desires, beliefs and/or intentions. Agent-causal libertarians disagree. A common critique against event-causal libertarian accounts is that the agent’s role of settling matters is left unfilled and the agent “disappears” from such accounts—a problem known as the disappearing agent problem. Recently, Franklin (...) (Philos Stud 170:413–432, 2014) has argued that an “enriched” event-causal account can overcome this problem. Franklin, however, doesn’t consider whether, as Pereboom (J Philos 99:499–531, 2015) argues, the agent as decider of “torn decisions” disappears from even enriched accounts. As I show here, Franklin’s enriched account takes some modifying if it is to overcome Pereboom’s torn decision problem—a special case of the disappearing agent problem. However, as I also show, there is a more fundamental problem facing event-causal libertarian accounts. It is implausible that an agent qua event or state simultaneously settles whether and how she intervenes. The upshot is that events and/or states lack an ability essential to completely fulfilling an agent’s role qua settler. This isn’t a problem for agent-causal accounts like the one offered by Steward (A metaphysics for freedom. Oxford University Press, Oxford, 2012) because in as much as an agent qua substance settles whether her body moves in certain ways on certain occasions she simultaneously settles whether and how she intervenes. As a consequence, event-causal libertarians face a dilemma, or rather several, that agent-causal libertarians do not. This may ultimately be explained by the irreducibility of causation by agents to causation by events. (shrink)

This paper asks about the ways in which embodimentoriented cognitive science contributes to our understanding of phenomenal consciousness. It is first argued that central work in the field of embodied cognitive science does not solve the hard problem of consciousness head on. It is then argued that an embodied turn toward neurophenomenology makes no distinctive headway on the puzzle of consciousness; for neurophenomenology either concedes dualism in the face of the hard problem or represents only a slight methodological variation on (...) extant cognitive-scientific approaches to the easy problems of consciousness. The paper closes with the positive suggestion that embodied cognitive science supports a different approach to phenomenal consciousness, according to which the mind is massively representational, cognitive science has no use for the personal-level posits that tend to drive philosophical theorizing about consciousness and mind, and the hard problem is illusory. (shrink)

Given the fact that many people use Wikipedia, we should ask: Can we trust it? The empirical evidence suggests that Wikipedia articles are sometimes quite good but that they vary a great deal. As such, it is wrong to ask for a monolithic verdict on Wikipedia. Interacting with Wikipedia involves assessing where it is likely to be reliable and where not. I identify five strategies that we use to assess claims from other sources and argue that, to a greater of (...) lesser degree, Wikipedia frustrates all of them. Interacting responsibly with something like Wikipedia requires new epistemic methods and strategies. (shrink)

The claim is frequently made that structured collections of individuals who are themselves subjects of mental and cognitive states – such collections as courts, countries, and corporations – can be, and often are, subjects of mental or cognitive states. And, to be clear, advocates for this so-called group-minds hypothesis intend their view to be interpreted literally, not metaphorically. The existing critical literature casts substantial doubt on this view, at least on the assumption that groups are claimed to instantiate the same (...) species of mental and cognitive properties as individual humans. In this essay, I evaluate a defensive move made by some proponents of the group-oriented view: to concede that group states and individual states aren’t of the same specific natural kinds, while holding that groups instantiate different species of mental or cognitive states – perhaps a different species of cognition itself – from those instantiated by humans. In order to evaluate this defense of group cognition, I develop a view of natural kinds – or at least of the sort of evidence that supports inferences to the sameness of natural kind – a view I have previous dubbed the ‘tweak-and-extend’ theory. Guided by the tweak-and-extend approach, I arrive at a tentative conclusion: that what is common to models of individual cognitive processing and models of group processing does not suffice to establish sameness of cognitive (or mental) kinds, properties, or state-types, not even at a generic or overarching level. (shrink)

The 13th-15th centuries were witness to lively and broad-ranging debates about the nature of persons. In this paper, I look at how the uses of ‘person’ in logical/grammatical, legal/political, and theological contexts overlap in the works of 13th-15th century contemplatives in the Latin West, such as Hadewijch, Meister Eckhart, and Catherine of Siena. After explicating the key concepts of individuality, dignity, and rationality, I show how these ideas combine with the contemplative use of first- and second-person perspectives, personification, and introspection (...) to yield a concept of 'person' that both prefigures Locke's classic 17th century definition and deeply influences the development of personalism. (shrink)

This paper is an original attempt to understand the foundations of economic reasoning. It endeavors to rigorously define the relationship between subjective interpretations and objective valuations of such interpretations in the context of theoretical economics. This analysis is substantially expanded through a dynamic approach, where the truth of a valuation results in an updated interpretation or changes in the agent's subjective belief regarding the effectiveness of the selected action as well as the objective reality of the effectiveness of all other (...) possible actions (i.e. consequence realization). Complications arise when the economic agent is presented with a set of actions that render ambiguous preference, or when the effectiveness of an action cannot be perceived upon its selection, thereby necessitating a different theory of choice and consequence realization. (shrink)

Virtues, broadly understood as stable and robust dispositions for certain responses across morally relevant situations, have been a growing topic of interest in psychology. A central topic of discussion has been whether studies showing that situations can strongly influence our responses provide evidence against the existence of virtues (as a kind of stable and robust disposition). In this review, we examine reasons for thinking that the prevailing methods for examining situational influences are limited in their ability to test dispositional stability (...) and robustness; or, then, whether virtues exist. We make the case that these limitations can be addressed by aggregating repeated, cross-situational assessments of environmental, psychological and physiological variables within everyday life—a form of assessment often called ecological momentary assessment (EMA, or experience sampling). We, then, examine how advances in smartphone application (app) technology, and their mass adoption, make these mobile devices an unprecedented vehicle for EMA and, thus, the psychological study of virtue. We, additionally, examine how smartphones might be used for virtue development by promoting changes in thought and behavior within daily life; a technique often called ecological momentary intervention (EMI). While EMA/I have become widely employed since the 1980s for the purposes of understanding and promoting change amongst clinical populations, few EMA/I studies have been devoted to understanding or promoting virtues within non-clinical populations. Further, most EMA/I studies have relied on journaling, PDAs, phone calls and/or text messaging systems. We explore how smartphone app technology provides a means of making EMA a more robust psychological method, EMI a more robust way of promoting positive change, and, as a result, opens up new possibilities for studying and promoting virtues. (shrink)

If states are permitted to create and maintain a military force, by what means are they permitted to do so? This paper argues that a theory of just recruitment should incorporate a concern for moral risk. Since the military is a morally risky profession for its members, recruitment policies should be evaluated in terms of how they distribute moral risk within a community. We show how common military recruitment practices exacerbate and concentrate moral risk exposure, using the UK as a (...) case study. We argue that the British state wrongs its citizens by subjecting them to excessively morally risky recruitment practices. Since, we argue, this risk exposure cannot be justified by appealing to the benefits of a military career for recruits, our argument calls for reform of existing practices. Our method of evaluation is generalizable and thus can be used to assess other states’ practices. (shrink)

Discussions of immortality in the Middles Ages tend to focus on the nature of the rational soul and its prospects for surviving the death of the body. The question of how medieval figures expected to experience everlasting life—what I will be calling the phenomenology of immortality—receives far less attention. In this paper, I explore the range of these expectations during a relatively narrow but intensely rich temporal and geographical slice of the Middle Ages (the thirteenth and fourteenth centuries in the (...) ‘Latin Christian West’). In section 1, I sketch the two central accounts of the rational soul and human nature (inspired by the Platonist and Aristotelian traditions) that set the metaphysical parameters for medieval discussions of our experience of the afterlife. In section 2, I address accounts that involve transcending the soul’s experiences of itself as an individual. In section 3, I turn to views that emphasize the embodied aspect of human existence and depict our unending union with God in affective and physical terms. In section 4, I argue that the views discussed in 2 and 3 form endpoints of an ‘experiential continuum of immortality’ that provides important context for scholastic accounts of immortality as well as expanding the traditional narrative of medieval philosophy. (shrink)

The Middles Ages are often portrayed as a time in which people with physical disabilities in the Latin West were ostracized, on the grounds that such conditions demonstrated personal sin and/or God’s judgment. This was undoubtedly the dominant response to disability in various times and places during the fifth through fifteenth centuries, but the total range of medieval responses is much broader and more interesting. In particular, the 13th-15th century treatment of three groups (martyrs, mothers, and mystics - whose physical (...) ‘defects’ were often understood as signs of special connection to God in this life, and who were often represented as retaining these signs in the life to come) challenge standard notions of beauty, disfigurement, and bodily perfection, particularly as the notion is applied to eternal life and our ultimate end. (shrink)

People often fail to comply with the demands of morality. Partial compliance theory takes this noncompliance or its possibility into account in the formulation of moral requirements for people to comply with, or in the evaluation of people’s actions against those requirements. This chapter critically engages with recent work on partial compliance theory. It examines the relationship between noncompliance and injustice, assesses different ways of doing partial compliance theory, sketches the relationship between partial compliance theory and other central methodological debates (...) in moral and political philosophy, and considers whether it is reasonable to issue moral requirements without examining what would happen if everyone did their part. (shrink)

There is no doubt that social interaction plays an important role in language-learning, as well as in concept acquisition. In surprising contrast, social interaction makes only passing appearance in our most promising naturalistic theories of content. This is particularly true in the case of mental content (e.g., Cummins, 1996; Dretske, 1981, 1988; Fodor, 1987, 1990a; Millikan, 1984); and insofar as linguistic content derives from mental content (Grice, 1957), social interaction seems missing from our best naturalistic theories of both.1 In this (...) paper, I explore the ways in which even the most individualistic of theories of mental content can, and should, accommodate social effects. I focus especially on the way in which inferential relations, including those that are socially taught, influence language-learning and concept acquisition. I argue that these factors affect the way subjects conceive of mental and linguistic content. Such effects have a dark side: the social and inferential processes in question give rise to misleading intuitions about content itself. They create the illusion that content and inferential relations are more deeply intertwined than they actually are. This illusion confounds an otherwise attractive solution to what is known as ‘Frege’s puzzle’ (Salmon, 1986). I.. (shrink)

Libet-style experiments and volitions -- The need for an analysis of human agency -- An Aristotelian account of human agency -- Compatibilist concerns -- Choices and voluntary conduct -- Neuronal mechanisms and voluntary conduct -- A metaphysical framework : voluntary agency, emergence and downward causation.

Extension project implementers ensure that activities and community linkages are not hampered by the challenges posed by the Coronavirus Disease 2019 (COVID-19) pandemic. This study presents the lived experiences of extension project implementers in providing community services in the midst of pandemic. Specifically, their experiences, reflections, and insights in the implementation of extension projects were enumerated. Eleven extensionists who were directly involved in and capable of conducting University extension projects were purposefully chosen as participants. Descriptive phenomenology research design was employed. (...) Data were analyzed through Colaizzi’s (1978) method. The experiences of the extension project implementers were themed as follows: difficulties in planning and implementation; support system; reflections and insights; and outstanding characteristics of the implementers. These experiences, as well as the extent to which extension projects have been implemented, will be taken into account in future planning, implementation, and impact assessments. (shrink)

Objective: Compassion has been associated with eudaimonia and prosocial behavior, and has been regarded as a virtue, both historically and cross-culturally. However, the psychological study of compassion has been limited to laboratory settings and/or standard survey assessments. Here, we use an experience sampling method (ESM) to compare naturalistic assessments of compassion with standard assessments, and to examine compassion, its variability, and associations with eudaimonia and prosocial behavior. -/- Methods: Participants took a survey which included standard assessments of compassion and eudaimonia. (...) Then, over four days, they were repeatedly asked about their level of compassion, eudaimonia, and situational factors within the moments of daily life. Finally, prosocial behavior was tested using the Dual Gamble Task and an opportunity to donate task winnings. -/- Results: Analyses revealed within-person associations between ESM compassion and eudaimonia. ESM compassion also predicted eudaimonia at the next ESM time point. While not impervious to situational factors, considerable consistency was observed in ESM compassion in comparison with eudaimonia. Further, ESM compassion along with eudaimonia predicted donating behavior. Standard assessments did not. -/- Conclusion: Consistent with virtue theory, some individual’s reports displayed a probabilistic tendency toward compassion, and ESM compassion predicted ESM eudaimonia and prosocial behavior toward those in need. (shrink)

This chapter argues that Simon anticipated what has emerged as the consensus view about human cognition: embodied functionalism. According to embodied functionalism, cognitive processes appear at a distinctively cognitive level; types of cognitive processes (such as proving a theorem) are not identical to kinds of neural processes, because the former can take various physical forms in various individual thinkers. Nevertheless, the distinctive characteristics of such processes — their causal structures — are determined by fine-grained properties shared by various, often especially (...) bodily related, physical processes that realize them. Simon’s apparently anti-embodiment views are surveyed and are shown to be consistent with his many claims that lend themselves to an embodied interpretation and that, to a significant extent, helped to lay the groundwork for an embodied cognitive science. (shrink)

This entry surveys a range of proposed solutions to the problem of intentionality, that is, the problem of explaining how human thoughts can be about, or be directed toward, objects. The family of solutions described here takes the content of a mental representation—what that concept represents or is about—to be a function of causal relations between mental representations and their typically external objects. This emphasis on causal relations should be understood broadly, however, so as to cover theories couched in terms (...) of law-like natural relations or the law-governed way in which one natural event carries information about another. (shrink)